Estão faltando páginas no seu livro

Estão faltando páginas no seu livro

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                Governo quer criar imposto de 12 % sobre os livros.

                Você já imaginou pegar o controle remoto da sua televisão e não encontrar alguns botões? Ou ver seu seriado favorito e descobrir que faltam 12% dos episódios? Comprar um livro e notar que faltam doze páginas do fim?!

                Gotham City não é salva pelo Batman. O Charada comeu as 12 páginas finais. É isso!

Foto Lukas Denier – Quem salvará Gotham City?

                A atual “reforma tributária” quer penalizar milhões de brasileiros.

         Benefícios dos livros

Tento nesse breve texto fazer uma análise e mostrar minha preocupação sobre o imposto que querem cobrar das vendas de livro e que irá afetar você, eu e todo conjunto da sociedade brasileira.

                Antes de mais nada vamos lembrar apenas alguns benefícios dos livros:

  • Aumenta o conhecimento de quem lê e da sociedade também
  • Aumenta a empatia das pessoas.
  • Depósito do conhecimento da sociedade.
  •  Melhora a criatividade e a imaginação de quem lê.
  • Elimina o estresse.
  •  Aumenta a capacidade de nossos cérebros.
  • Mantêm nossas mentes jovens e afinadas.
  • Todas as grandes nações apoiam e preservam os livros pois sabem que é a base de suas riquezas.

Foto Jaredd Craig

Chamar de “reforma tributária” um projeto que quer dificultar o acesso do brasileiro ao livro não é o correto. Talvez o certo seria chamar de “projeto para atrapalhar o brasileiro e gerar desemprego no setor livreiro — uma desreforma.

Contradições:

·         O governo diz que precisa melhorar a arrecadação, mas essa cobrança nova de 12% (um nova contribuição social) daria uns poucos milhões, mas taxar os mega ricaços brasileiros geraria 272 bilhões de reais para os cofres do governo (FENAFISCO)

· Apesar de não ser o foco aqui, vale ressaltar que o governo aumentou consideravelmente os gastos com publicidade e propaganda e com os seus cartões corporativos protegidos por sigilos. Há também os gastos exorbitantes com viagens para lá e para cá sem justificativas.

·         Guedes, o ministro da economia – que até hoje nunca falou em gerar emprego e renda, e já disse que o “pobre é pobre por que não poupa” – disse: “livros são artigos para a elite”. Ele quer dizer então que eu e mais milhões de brasileiros ficamos ricos e milionários nadando igual Tio Patinhas em livros de ouro. Brincadeiras à parte, se o livro é artigo de elite encarecer o livro vai torná-lo menos acessível ainda a toda população.

·         A elite, pelo menos aquela que sai na revista “Caras”, não tem livros, apenas na mesa de centro ou livros de fotos e books da última viagem à Grécia. O próprio Guedes não compra livro — é o que podemos ver nas suas estantes em lives.

·         Esse pessoal da economia vive propagando a tal meritocracia, mas um dos pilares de ascensão social está justamente assentado nos livros via educação formal.

·         Taxar livros e isentar de impostos armas, igrejas e templos é o mesmo que incentivar uma guerra civil com base na intolerância e na lei dos mais fortes — veremos mais para frente que a própria religiosidade da sociedade corre risco.

Crise no mercado de livros

Justamente no momento de maior crise do mercado de livros da história do Brasil — Mercado caiu 20% no período de 2006 a 2019 — o Paulo Guedes quer recriar um imposto que deixou de existir desde 1946. Isso mesmo, passamos por crises e mais crises e esse senhor que não lê tem a solução para tudo. Empurrar para o precipício um mercado vital para o desenvolvimento social e econômico.

Casa Grande e Senzala

Se essa lei for aprovada fará com que a Casa Grande mantenha e reforce a existência da Senzala como local permanente e importante para a opressão social e aumento das desigualdades.

Didáticos e religiosos

O mercado de livro brasileiro é dominado por livros didáticos e religiosos. Dois em cada três livros estão nessa categoria. Quem mais vai sofrer nessa nova lei serão:

·         Os alunos

·         A religião

·         O governo.

Gráfico da produção de livros no Brasil em 2019

                Os dois primeiros itens (alunos e religião) são evidentes que sofrerão. Mas o item “Governo” mostra que como o governo é o maior comprador de livros no Brasil — para as escolas públicas — será o maior prejudicado. Terá que aumentar o orçamento para compensar os aumentos dos impostos, ou seja, o tiro será contra o pé da “reforma”. É ou não outra contradição?

         Ver o impacto do imposto

Para que possamos visualizar parte do impacto que esse novo imposto gerará, basta saber que em 2004 uma lei zerou as alíquotas do PIS e COFINS das vendas de livros, reconhecendo a importância do livro para a sociedade brasileira. Essa alteração gerou entre 2006 a 2011 uma redução de 33% no preço médio do livro e um aumento de 90 milhões de livros vendidos.

Quem escolherá os livros favoritos do governo?

Como forma de enganar o povo, Paulo Guedes disse que o governo poderia doar livros para os pobres (que de acordo com ele não leem). Isso é muito perigoso pois quem irá escolher quais os livros serão doados? Vou chutar quem irá escolher e quais serão escolhidos — e cadê a liberdade de escolha do cidadão tão apregoada?

Damares e Ernesto provavelmente escolherão os livros. Bíblias e “Jesus na goiabeira” serão distribuídos. Não haverá livros sobre as desigualdades sociais, não haverá negros nas capas — como não há nos comerciais das empresas federais, não se esqueçam — nem temáticas emancipatórias e inclusivas. Livros da Rússia e Cuba serão proibidos por serem simplesmente de Cuba e Rússia. Contos chineses também serão vetados. Qual outro livro não entrará na cesta básica de livros oficiais?

                O escritor Paulo Scott disse certa vez:

“Não é a toa que a elite não permite que seus filhos, seus sucessores no comando da vida, se afastem da literatura, negligenciem o poder da literatura, dos raciocínios e linguagens que somente se oportunizam a partir da literatura”.

Não vamos nos esquecer disso.

Sugestões

Se a preocupação é com a sociedade e com a arrecadação aí vão algumas sugestões:

1.      Aumentar mais ainda impostos sobre bebida e tabaco.

2.       Taxar as grandes fortunas.

3.       Baixar os salários do alto escalão dos governos — incluindo todas as esferas de poder.

A leitura é um direito garantido pela constituição federal e não um privilégio como diz e quer o Guedes.

E você o que acha do aumento de impostos? Escreva nos comentários.

Fontes:

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/08/17/reforma-tributaria-livros-didaticos-biblia-cbs-pis-cofins.htm

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/08/17/uniao-brasileira-de-escritores-se-manifesta-contra-tributacao-de-livros.htm

http://cbl.org.br/imprensa/noticias/manifesto-em-defesa-do-livro

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