Estão faltando páginas no seu livro
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Governo quer criar imposto de 12 % sobre os livros.
Você já imaginou pegar o controle remoto da sua televisão e não encontrar alguns botões? Ou ver seu seriado favorito e descobrir que faltam 12% dos episódios? Comprar um livro e notar que faltam doze páginas do fim?!
Gotham City não é salva pelo Batman. O Charada comeu as 12 páginas finais. É isso!
A atual “reforma tributária” quer penalizar milhões de brasileiros.
Benefícios dos livros
Tento nesse breve texto fazer uma análise e mostrar minha preocupação sobre o imposto que querem cobrar das vendas de livro e que irá afetar você, eu e todo conjunto da sociedade brasileira.
Antes de mais nada vamos lembrar apenas alguns benefícios dos livros:
- Aumenta o conhecimento de quem lê e da sociedade também
- Aumenta a empatia das pessoas.
- Depósito do conhecimento da sociedade.
- Melhora a criatividade e a imaginação de quem lê.
- Elimina o estresse.
- Aumenta a capacidade de nossos cérebros.
- Mantêm nossas mentes jovens e afinadas.
- Todas as grandes nações apoiam e preservam os livros pois sabem que é a base de suas riquezas.
Chamar de “reforma tributária” um projeto que quer dificultar o acesso do brasileiro ao livro não é o correto. Talvez o certo seria chamar de “projeto para atrapalhar o brasileiro e gerar desemprego no setor livreiro” — uma desreforma.
Contradições:
· O governo diz que precisa melhorar a arrecadação, mas essa cobrança nova de 12% (um nova contribuição social) daria uns poucos milhões, mas taxar os mega ricaços brasileiros geraria 272 bilhões de reais para os cofres do governo (FENAFISCO)
· Apesar de não ser o foco aqui, vale ressaltar que o governo aumentou consideravelmente os gastos com publicidade e propaganda e com os seus cartões corporativos protegidos por sigilos. Há também os gastos exorbitantes com viagens para lá e para cá sem justificativas.
· Guedes, o ministro da economia – que até hoje nunca falou em gerar emprego e renda, e já disse que o “pobre é pobre por que não poupa” – disse: “livros são artigos para a elite”. Ele quer dizer então que eu e mais milhões de brasileiros ficamos ricos e milionários nadando igual Tio Patinhas em livros de ouro. Brincadeiras à parte, se o livro é artigo de elite encarecer o livro vai torná-lo menos acessível ainda a toda população.
· A elite, pelo menos aquela que sai na revista “Caras”, não tem livros, apenas na mesa de centro ou livros de fotos e books da última viagem à Grécia. O próprio Guedes não compra livro — é o que podemos ver nas suas estantes em lives.
· Esse pessoal da economia vive propagando a tal meritocracia, mas um dos pilares de ascensão social está justamente assentado nos livros via educação formal.
· Taxar livros e isentar de impostos armas, igrejas e templos é o mesmo que incentivar uma guerra civil com base na intolerância e na lei dos mais fortes — veremos mais para frente que a própria religiosidade da sociedade corre risco.
Crise no mercado de livros
Justamente no momento de maior crise do mercado de livros da história do Brasil — Mercado caiu 20% no período de 2006 a 2019 — o Paulo Guedes quer recriar um imposto que deixou de existir desde 1946. Isso mesmo, passamos por crises e mais crises e esse senhor que não lê tem a solução para tudo. Empurrar para o precipício um mercado vital para o desenvolvimento social e econômico.
Casa Grande e Senzala
Se essa lei for aprovada fará com que a Casa Grande mantenha e reforce a existência da Senzala como local permanente e importante para a opressão social e aumento das desigualdades.
Didáticos e religiosos
O mercado de livro brasileiro é dominado por livros didáticos e religiosos. Dois em cada três livros estão nessa categoria. Quem mais vai sofrer nessa nova lei serão:
· Os alunos
· A religião
· O governo.
Os dois primeiros itens (alunos e religião) são evidentes que sofrerão. Mas o item “Governo” mostra que como o governo é o maior comprador de livros no Brasil — para as escolas públicas — será o maior prejudicado. Terá que aumentar o orçamento para compensar os aumentos dos impostos, ou seja, o tiro será contra o pé da “reforma”. É ou não outra contradição?
Ver o impacto do imposto
Para que possamos visualizar parte do impacto que esse novo imposto gerará, basta saber que em 2004 uma lei zerou as alíquotas do PIS e COFINS das vendas de livros, reconhecendo a importância do livro para a sociedade brasileira. Essa alteração gerou entre 2006 a 2011 uma redução de 33% no preço médio do livro e um aumento de 90 milhões de livros vendidos.
Quem escolherá os livros favoritos do governo?
Como forma de enganar o povo, Paulo Guedes disse que o governo poderia doar livros para os pobres (que de acordo com ele não leem). Isso é muito perigoso pois quem irá escolher quais os livros serão doados? Vou chutar quem irá escolher e quais serão escolhidos — e cadê a liberdade de escolha do cidadão tão apregoada?
Damares e Ernesto provavelmente escolherão os livros. Bíblias e “Jesus na goiabeira” serão distribuídos. Não haverá livros sobre as desigualdades sociais, não haverá negros nas capas — como não há nos comerciais das empresas federais, não se esqueçam — nem temáticas emancipatórias e inclusivas. Livros da Rússia e Cuba serão proibidos por serem simplesmente de Cuba e Rússia. Contos chineses também serão vetados. Qual outro livro não entrará na cesta básica de livros oficiais?
O escritor Paulo Scott disse certa vez:
“Não é a toa que a elite não permite que seus filhos, seus sucessores no comando da vida, se afastem da literatura, negligenciem o poder da literatura, dos raciocínios e linguagens que somente se oportunizam a partir da literatura”.
Não vamos nos esquecer disso.
Sugestões
Se a preocupação é com a sociedade e com a arrecadação aí vão algumas sugestões:
1. Aumentar mais ainda impostos sobre bebida e tabaco.
2. Taxar as grandes fortunas.
3. Baixar os salários do alto escalão dos governos — incluindo todas as esferas de poder.
A leitura é um direito garantido pela constituição federal e não um privilégio como diz e quer o Guedes.
E você o que acha do aumento de impostos? Escreva nos comentários.
Fontes:
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