1421 O Ano Em Que a China Descobriu o Mundo
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Na pesquisa para o livro que estou escrevendo atualmente – título provisório: Xangai Xingu – tive o agradável prazer de me deliciar com a leitura do livro “1421 o ano em que a China descobriu o mundo” de Gavin Menzies.
O autor é um amante da história e é capitão aposentado de submarinos da marinha Britânica. Esses dois fatos são fundamentais para o objetivo do livro: mostrar que os Chineses fizeram grandes navegações ao redor do mundo muito antes dos Europeus.
As habilidades do autor em navegação e geolocalização através de estrelas e acidentes geográficos pôde dar ao livro e a sua pesquisa uma força que nenhum outro historiador conseguiu.
Em 8 de março de 1421 zarparam da China navios gigantescos de quase 150 metros, os navios de Cabral ou Colombo eram brinquedos perto dos grandes juncos chineses. Por quase dois anos deram voltas ao mundo. Chegaram nas Américas 70 anos antes de Colombo.
Deram a volta ao mundo 100 anos antes de Magalhães. Chegaram à Austrália 350 anos antes de Cook e resolveram o problema da longitude 300 anos antes dos europeus.
Mas por que ainda ninguém conhece essa história?
Algumas respostas ouso dizer: o preconceito ocidental em aceitar uma outra possibilidade de história, muito menos ainda quando se fala de um império que está em pé por milênios.
Outro motivo pode ser o fato de que quando os navios voltaram para a China o imperador Zhu Di perdera o trono. Iniciando um auto isolamento do mundo que descobrira. Os navios foram queimados e afundados. Os documentos comprobatórios foram queimados.
Demorou séculos até que alguns estudiosos fora da China se interessassem pelo assunto, que ainda não é aceito por céticos europeus ou estadunidenses – esses até hoje brigam com a China por n motivos como é sabido por todos.
Para que tenhamos uma visualização de como era a China naquela época basta sabermos que nas ruas de Pequim centenas de romances impressos podiam ser comprados nas barracas do mercado de Pequim.
Nessa mesma época a tipografia nem era conhecida na Europa. E como comparação, a biblioteca de Henrique V (1387-1422) compreendia seis livros, três eram emprestados por um convento de freiras.
O mercador mais rico da Europa, na época, possuía 12 livros, oito era sobre assuntos religiosos.
O livro mostra por diversas provas encontradas no mar, nas praias, nos nomes de animais e vilas, marcas de pedras e naufrágios de juncos na linha da rota de navegação dos juncos chineses que a China já conhecia o mundo todo antes dos outros impérios.
As colônias fundadas na Austrália, África, América do Norte e do Sul foram abandonadas à própria sorte deixando marcas presentes até hoje, como as cidades Incas com nomes chineses – o DNA dos incas é tão semelhante ao dos chineses que podem, de acordo com o autor, argumentar que alguns deles eram chineses – o nome da galinha na América Central é o mesmo nome chinês. A torre da ilha Rhode na cidade de Newport, EUA, é um farol direcionado para o retorno dos navios chineses que nunca aconteceu.
A torre está em pé até hoje.
Os chineses já consumiam milho antes da “descoberta” das américas pelos europeus. No entanto, o milho surgiu e só existia nas Américas Central e do Sul.
Diversas estatuetas pré-colombianas foram encontradas no Peru. As estatuetas do deus do sol, Nazca, têm na base uma figura chinesa que representa o céu.
Em relação aos exemplos linguísticos: uma balsa de troncos é jangada no Brasil e ziangada em tâmil. Navio à vela é chamban na Colômbia, sampan na China.
Eles têm um livro chamado “Registro Ilustrado de Países Estranho” de 1430 que mostram os povos europeus e africanos com exatidão de detalhes. Há, inacreditavelmente, desenhos de ilhamas, tamanduá à procura de formigas, homens mastigando coca, os nativos pelados da Patagônia e o milodonte de cabeça de cão, ” que foi encontrado em uma viagem de dois anos e nove meses a oeste da China”.
O livro é farto em mapas, ilustrações e imagens que comprovam a teoria de Gavin. Tem 106 páginas de apêndice e bibliografia comprobatória.
Não devemos nos esquecer que os impérios mesopotâmico, egípcio, sudanês , grego, romano, português e inglês acabaram. Os EUA já demonstram declínio se comparado ao chinês. Este é o único império dentre todos que ainda existe desde mais de 5 mil anos e só se torna cada vez maior.
Recomendo o livro para quem tem interesse em história oriental e acredita que a história é interpretada de acordo com os interesses vigentes na época que é escrita.
A história nossa no ocidente é eurocêntrica e carrega todos os conceitos tão arraigados em nossas mentes que e ter o contato com esse livro pode nos abrir a mente para uma visão menos preconceituosa do mundo. Afinal, somos todos irmãos.
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