A mágica da ilustração

A mágica da ilustração

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por Laura Mocelin

A Esboço convidou a ilustradora e arquiteta Laura Mocelin para escrever sobre o mundo das ilustrações (porque a literatura não vive só de palavras, não é mesmo?) e ela topou! Veja o presente que ela nos deu:

Faz tempo que venho me perguntando o que é ilustração. É uma palavra com tantos sentidos que é impossível centrar em um significado. Se a obra de arte é um complexo de histórias que são produzidas através de ilustração, pode-se dizer que a ilustração traduz todas as palavras que tentam passar conteúdo. Mas para ilustradores, talvez seja um significado técnico demais.

Ilustração é uma interpretação, é saber ler e representar. Ilustrar é conhecer técnicas, ajudar o escritor a desenvolver sua história da melhor maneira possível. Desenhar palavras e traduzir sentimentos. Tudo envolve o coração e seus propósitos.

A ilustração simplesmente existe dentro de cada um, pré-definido, sistematizado. Você encontra ilustração nas revistas, na TV, nos pôsteres, seja em um lado do mundo ou lá do outro lado. E o mais importante é que pode interpretar ela da maneira que o seu coração e seus olhos enxergam. É esse o principal objetivo: tocar cada ser humano, fazê-lo sentir, imaginar, pensar, interpretar.

É exatamente isso que um ilustrador faz. Ele potencializa, maximiza, vive o escrito antes de poder transmitir para o telespectador.

Como o maior exemplo e a coisa mais incrível que minha ainda pequena jornada de ilustradora conseguiu, foi ilustrar livros infantis. E as vezes é muito mais importante que representar um livro adulto, por exemplo. Você precisa enxergar as coisas como criança novamente, para poder representar para elas. Pode ser que você não chame tanta atenção dos adultos com uma ilustração colorida e brilhosa, com formas estranhas e desengonçadas, mas para uma criança aquilo é tão mágico e faz tanto sentido que não precisa de mais nada para que ela possa entender. Os olhinhos delas brilham com sua ilustração. Tem coisa mais linda?

Reviver a tarde na casa da vó, o abraço aconchegado do pai, as necessidades de correr e brincar de uma criança até em dia de chuva. Acordar feliz pelo simples fato de bater sol com formas estranhas através da janela. Sorrir de tudo, chorar por tudo, transmitir emoções até no caminhar. Isso é um compromisso que ilustradores de livros infantis precisam entender para conseguir tocar os corações. Você pode desenhar um círculo em um papel em branco e cada serzinho vai enxergar aquilo de uma forma diferente: “um melão? Não! Uma bola de jogar futebol! Onde? Isso é um sol!” Mas nenhum vai comentar que é uma bomba destruindo uma cidade, a solidão de alguém que vive na própria bolha ou o símbolo de um coração sem sentimentos.

Ilustração é vida. Colore mesmo sem cores e brilha nos olhos de qualquer pessoa. Mas ilustração infantil é diferente, é esperança. É sentir o inverno, o verão e o outono, tudo na mesma mistura. Mas saber que ainda há a primavera.

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