Esboço entrevista Daniel Munduruku

Esboço entrevista Daniel Munduruku

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Parte dois

Hoje daremos continuidade à entrevista, realizada no dia 6 de junho durante a Feira do Livro de Resende, com o grande escritor Daniel Munduruku. Nessa parte da entrevista, a Esboço explora um pouco a opinião de Daniel sobre literatura ficcional e também sobre política. Pode-se dizer que o autor deixa clara a sua posição política nesse momento sombrio da história do Brasil.

Esboço: Quando foi a história mais inacreditável para os padrões do homem branco da cidade que você já ouviu dentro da floresta?

Daniel Muduruku: Tem histórias que tem a ver com a presença de seres de outro planeta. Tem histórias que contam um contato entre diferentes seres e que esses seres nem são humanos e nem são inumanos. São seres. Uma dessas histórias eu escrevi, inclusive, num livro que se chama “Sabedoria das Águas” que é uma ficção sobre a possibilidade de ter um mundo dentro da água, um mundo subaquático e esse mundo veio além da terra, é um mundo extraterrestre e que se instalou nos rios da Amazônia e tal. Esse sai completamente dos padrões.

Esboço: Saindo um pouco da ficção e voltando para a nossa realidade, que na verdade parece mais uma história de ficção. Se você fosse sugerir um livro de qualquer autor, inclusive seu, para nosso presidente, qual seria?

Daniel Muduruku: Primeiro, ele não lê (risos) e, segundo, ele é um analfabeto de pai e mãe e de filhos também. Ele é uma pessoa totalmente bronca, no sentido de que ele não consegue interpretar, não consegue ler. A gente consegue ver, nas falas dele, que não consegue articular ideias porque a cabeça dele é militar, se bem que nem militar ele consegue ser porque ele foi expulso do quartel. Então eu tinha que dar um livro bem fácil. Ele tinha que ler “O Pequeno Príncipe”, por exemplo, que é um livro que daria um pouco de sensibilidade que ele não tem. Se fosse para criar um pouco de consciência, eu daria um livro que chama “Meu Ismael”, que é um livro lindíssimo que fala sobre o que é o mundo além dessa visão estereotipada que ele carrega. Se fosse para falar sobre a cultura indígena, atualizá-lo sobre a cultura indígena, eu daria esse meu livro “Mundurukando” para ele. Se fosse para ele entender um pouco sobre espiritualidade indígena, eu daria “A queda do Céu”, do Davi Yanomami. Enfim, eu daria uma biblioteca inteira para ele, se ele tivesse humildade de aprender, coisa que ele não tem.

***FIM DA PARTE DOIS ***

Sobre o autor | Website

Escritora, colunista e editora da Plataforma Esboço e do selo Esboço Editorial. Lançou em 2019 o livro infantil "Onde Nascem as Nuvens" e pretende lançar outros em breve. Aspirante a desenhista, mas só sabe traçar corpo humano de palitinho. Ama gatos e crianças porque deixam o mundo melhor.

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